Microsoft afirma que Sony paga por ‘direitos de bloqueio’ para manter jogos fora do Xbox Game Pass

A Microsoft alegou que a Sony paga por “direitos de bloqueio” para impedir os desenvolvedores de adicionar seu conteúdo ao Xbox Game Pass. As alegações explosivas fazem parte de documentos (documento Word) arquivados no órgão regulador nacional de concorrência do Brasil e parte de uma revisão da aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft.

“A capacidade da Microsoft de continuar expandindo o Game Pass foi prejudicada pelo desejo da Sony de inibir esse crescimento”, afirma a Microsoft em um pedido de 9 de agosto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). “A Sony paga por ‘direitos de bloqueio’ para impedir que os desenvolvedores adicionem conteúdo ao Game Pass e outros serviços de assinatura concorrentes.”

Isso significa que a Sony é má e a Microsoft está casualmente revelando algumas práticas comerciais covardes? A realidade é provavelmente um pouco mais complicada em ambos os lados. A Sony pode simplesmente estar pagando pelos direitos exclusivos de seus próprios serviços de streaming, ou pode ter cláusulas em alguns contratos de publicação que impedem que alguns jogos que ela publica sejam publicados em serviços de assinatura rivais.

O logotipo do Xbox X em um círculo contra um fundo escuro com linhas verdes.

A Microsoft tem se concentrado cada vez mais no Xbox Game Pass nos últimos anos.
Ilustração de Alex Castro / The Verge

Não está claro exatamente a que a Microsoft está se referindo aqui, mas os contratos para publicação de jogos podem ser complexos, principalmente quando estão envolvidos direitos para serviços de streaming e assinatura. Documentos arquivados no Epic Games vs. Apple O julgamento do ano passado revelou que a Microsoft estava considerando reduzir a divisão de receita para jogos de PC “em troca da concessão de direitos de streaming à Microsoft”.

Se a Microsoft tivesse prosseguido com seus planos, isso poderia ter levado a empresa a garantir direitos exclusivos de streaming em alguns jogos, impedindo-os de estarem disponíveis em serviços de streaming rivais. Tudo depende de como os contratos de publicação são escritos, e tanto a Microsoft quanto a Sony garantem regularmente exclusivos de jogos que envolvem lançamentos programados, exclusividade de console e muito dinheiro em marketing.

A Microsoft está tentando convencer o regulador do CADE do Brasil de que deve renunciar à proposta de aquisição da Activision Blizzard pela empresa por US$ 68,7 bilhões. Enquanto a Federal Trade Commission (FTC) está analisando documentos da Microsoft sobre sua aquisição nos EUA, essa correspondência é privada. Esse não é o caso no Brasil, onde seu regulador de concorrência oferece documentos públicos que fornecem uma visão única da concorrência comercial entre Microsoft e Sony.

A Microsoft considerou anteriormente obter direitos de streaming para jogos de PC em troca de melhor divisão de receita.
Imagem: Microsoft

Documentos do CADE do Brasil foram analisados ​​por fãs do Xbox e PlayStation na semana passada, com pôsteres no ResetEra destacando as partes interessantes. O regulador tem perguntado à Sony e a outros rivais da Microsoft sobre a aquisição da Activision Blizzard. A Sony respondeu anteriormente ao regulador do Brasil alegando que seria difícil para outros desenvolvedores criar uma franquia que rivalizasse com a da Activision Chamada à ação e que se destaca “como uma categoria de jogos por conta própria”.

Naturalmente, a Microsoft discorda, e Ubisoft, Riot Games, Bandai Namco e Google destacaram a concorrência para Chamada à ação na forma de Apex Legends, Campo de batalha, PUBGe mais.

A Microsoft também afirma que adicionar conteúdo da Activision Blizzard ao Xbox Game Pass realmente aumentará a concorrência de alguma forma. “A inclusão do conteúdo da Activision Blizzard no Game Pass não prejudica a capacidade de outros jogadores competirem no mercado de distribuição de jogos digitais”, afirma a Microsoft em um documento, onde a empresa também argumenta que aumenta a concorrência graças ao “conteúdo de alta qualidade a custos imediatos mais baixos.”

A Sony ainda não respondeu a esse ponto específico, mas por US $ 9,99 por mês para o Xbox Game Pass, é fácil imaginar os consumidores escolhendo essa opção para jogar títulos como Chamada à ação em vez de pagar $60 ou mais para comprar e possuir o jogo.

Chamada à ação tem estado no centro dos temores da concorrência pela proposta de aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft.
Imagem: Activision

A Microsoft também argumenta que não distribuir jogos como Chamada à ação nas lojas de consoles rivais “simplesmente não seriam lucrativas” para a empresa. A Microsoft já deixou claro que manterá Chamada à ação no PlayStation. A Microsoft diz que uma estratégia de não distribuir jogos da Activision Blizzard em consoles rivais só seria lucrativa se os jogos pudessem atrair um grande número de jogadores para o ecossistema Xbox, resultando em receita para compensar as perdas por não vender esses títulos em consoles rivais.

Se as alegações da Microsoft sobre “direitos de bloqueio” são precisas, não seria a primeira vez que a Sony usaria incentivos financeiros para bloquear desenvolvedores de jogos. A Sony reteve o jogo multiplataforma do PS4 por anos e implementou um compartilhamento de receita de crossplay para os editores que queriam habilitar o crossplay em seus jogos.

O compartilhamento de receita multiplataforma da Sony forçou os editores a pagar royalties à Sony sempre que os jogadores do PlayStation contribuíssem com mais de uma certa porcentagem para o resultado final de um jogo multiplataforma para “compensar a redução na receita” da Sony permitindo o crossplay. O CEO da Epic Games, Tim Sweeney, testemunhou no ano passado que a Sony era a única detentora de plataforma que exigia essa compensação pelo crossplay.

Entramos em contato com a Sony para comentar as reivindicações da Microsoft e com a Microsoft para esclarecer o que a Sony supostamente bloqueia. Ainda não recebemos resposta de nenhuma das empresas e não esperamos que nenhuma delas comente sobre esses detalhes explosivos. Mas estaremos observando os documentos do CADE do Brasil cuidadosamente nos próximos dias para ver se ou como a Sony responde às reivindicações da Microsoft.

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