Adam Sobieski, presidente regional APAC da Universal Robots
A Quarta Revolução Industrial trouxe uma onda de automação na indústria de manufatura, levando ao aumento da eficiência, produtividade e lucratividade.
Embora vivamos atualmente na Indústria 4.0 que se desenvolve à nossa volta, o mundo está preparado para o próximo grande salto industrial – a quinta revolução industrial.
A indústria está caminhando lentamente para a Indústria 5.0, o que marca uma mudança da automação para a colaboração. Antes de mergulhar nos detalhes da Indústria 5.0, é importante compreender a indústria de hoje e como a produção mudou através da automação.
Indústria 4.0 e seu impacto na manufatura
A Indústria 4.0 tem sido uma virada de jogo para a indústria manufatureira. Representa a convergência de tecnologias digitais disruptivas que ajudaram a revolucionar o setor industrial.
Este movimento ganhou força significativa devido ao alinhamento de vários factores-chave, tais como modos inovadores de interacção homem-máquina e avanços nos métodos de produção através de tecnologias como a robótica avançada, a Internet das Coisas (IoT), a Inteligência Artificial (IA) e a impressão 3D.
Por sua vez, os fabricantes conseguiram automatizar vários processos, reduzir custos e melhorar a produtividade.
Apesar de estar no meio da Indústria 4.0, foi projetado que geraria ganhos de produtividade equivalentes aos testemunhados durante a Revolução Industrial com o advento da máquina a vapor.
À escala global, prevê-se que gere ganhos que variam entre 1,2 biliões de dólares e 3,7 biliões de dólares.
Na região da ASEAN, que abrange economias com sectores industriais substanciais, o potencial para melhorias de produtividade é estimado num valor entre 216 mil milhões de dólares e 627 mil milhões de dólares.
Com tanto sucesso e um mercado em crescimento, porque é que se prevê a próxima revolução industrial?
O surgimento da Indústria 5.0 e sua importância para os fabricantes
O surgimento da Indústria 5.0 é uma resposta às limitações da Indústria 4.0, que dependia fortemente da automação e negligenciava o elemento humano da produção.
Focado na colaboração entre humanos e máquinas, reconhece a importância da criatividade humana e das competências de resolução de problemas nos processos de fabrico e visa criar um sistema onde humanos e máquinas trabalhem juntos de forma integrada.
Espera-se que beneficie os fabricantes de várias maneiras:
1. Colocando as pessoas em primeiro lugar
A Indústria 5.0 muda a perspectiva de volta para os indivíduos, reconhecendo-os como activos valiosos em vez de meros recursos. Em essência, isto implica um afastamento da ideia convencional de pessoas servindo organizações para organizações servindo pessoas.
Em vez de utilizar apenas talentos para obter vantagem competitiva e criar valor para os clientes, a Indústria 5.0 também prioriza a geração de valor adicional para os funcionários, com o objetivo de atrair e reter funcionários de alto nível.
2. Aumentando a resiliência
Com a crescente interconectividade em todo o mundo, existem impactos de longo alcance de eventos globais como a pandemia de Covid-19 e perturbações nas cadeias de abastecimento internacionais.
Embora muitas empresas se concentrem no aumento da eficiência e na maximização dos lucros, estes factores por si só não cultivam a resiliência.
Na verdade, existe a crença de que uma ênfase excessiva na agilidade e na flexibilidade prejudica a resiliência de uma empresa. Organizações resilientes antecipariam e responderiam proativamente às crises, garantindo a estabilidade mesmo em tempos difíceis.
Ao priorizar a adaptabilidade e a capacidade de resposta, estas organizações podem enfrentar as incertezas e manter a sua estabilidade.
3. Sustentabilidade
A Indústria 5.0 leva a sustentabilidade para o próximo nível, indo além de apenas reduzir, minimizar ou mitigar os danos climáticos.
Em vez disso, esforça-se ativamente para causar um impacto positivo e criar mudanças significativas. Este conceito, também conhecido como “Net Positive”, visa transformar as empresas de parte do problema em parte da solução.
Vai além de gestos superficiais e promessas vazias de sustentabilidade, conhecidas como “greenwashing”, e concentra-se em fazer uma diferença genuína no mundo.
Automação Colaborativa e Indústria 5.0
A automação colaborativa é uma engrenagem essencial para a Indústria 5.0, pois permite que humanos e máquinas trabalhem juntos de forma integrada.
Por um lado, os robôs colaborativos (cobots) são projetados para realizar tarefas repetitivas e perigosas, permitindo que os humanos se concentrem em tarefas que exigem habilidades humanas, como pensamento crítico e resolução de problemas.
Os cobots também podem ser programados para trabalhar em diferentes tarefas, capazes de trabalhar em diferentes aplicações em todo o chão de fábrica, tornando-os versáteis e adaptáveis às mudanças nas necessidades de produção.
Comparados aos robôs industriais, os cobots são mais flexíveis e fáceis de programar. Os robôs industriais são projetados para trabalhar isoladamente e exigem programação dedicada e medidas de segurança.
Os cobots, por serem menores, são projetados para trabalhar ao lado de humanos e exigem menos programação e medidas de segurança.
Os cobots também são mais económicos do que os robôs industriais, o que os torna uma opção viável para as pequenas e médias empresas (PME), impulsionando assim o setor na cadeia de valor, uma vez que agora as pequenas empresas podem ver um aumento da produtividade e tempos de resposta mais rápidos.
Os cobots também podem realizar tarefas perigosas, reduzindo o risco de acidentes e lesões no local de trabalho. Eles também são econômicos, pois exigem menos manutenção e programação de engenharia do que os robôs industriais tradicionais.
A transição para a Indústria 5.0 apresenta diversas oportunidades para os fabricantes, incluindo o desenvolvimento de novos produtos, a otimização dos processos de produção e a criação de novas funções profissionais.
Os fabricantes que adotam a automação colaborativa estarão bem posicionados para aproveitar essas oportunidades.
De acordo com um relatório da McKinsey, as empresas que adotam a automação colaborativa podem esperar um aumento de 7 a 18% na produtividade e um aumento de 10 a 20% no rendimento.
A versatilidade dos cobots beneficiou empresas como a AIM Processing, que teve um aumento de 400% na produtividade após a implantação dos cobots UR5e.
Também ajuda o facto de estes pequenos cobots consumirem apenas 200 W de energia durante o funcionamento, o que é a mesma quantidade de energia que uma consola de jogos.
A Indústria 5.0 não só faz as PME subirem na cadeia de valor da produção, como também os trabalhadores humanos são melhorados enquanto as taxas de emissões diminuem – ajudando nos objectivos de desenvolvimento sustentável.
Um futuro sustentável e eficiente
A Indústria 5.0 coloca uma forte ênfase nas questões sociais negligenciadas pela Indústria 4.0, sendo a colaboração entre os seres humanos e a automação, bem como a sustentabilidade, elementos-chave.
Com esta abordagem, a Indústria 5.0 é vista como uma versão melhorada da Indústria 4.0, que não só é mais amiga do ambiente, mas também mais centrada nas necessidades humanas, mantendo ao mesmo tempo a eficiência e a produtividade.
No rescaldo da pandemia de Covid-19, tornou-se cada vez mais importante trazer os humanos de volta ao centro do processo de produção, trabalhando de mãos dadas com robôs.
Embora os gestores ainda tenham de encontrar formas de digitalizar processos e aumentar a produtividade nas suas fábricas, o objetivo final é aliviar a carga e a monotonia das tarefas, permitindo aos operadores desenvolver e expandir os seus conjuntos de competências.
Ao promover esta colaboração entre humanos e tecnologia, a Indústria 5.0 abre caminho para um futuro mais sustentável e eficiente.